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Tiro a máscara e mesmo com medo, confio!



Num momento em que o dia das máscaras está tão presente sinto que em vez as de colocar preciso as retirar.

Tenho seguido uma serie chamada Ghosted: desaparecimento de alguém querido, esta serie ajuda a encontrar pessoas que desaparecem na vida da pessoa que se candidata. Num episódio em particular identifiquei-me tanto que recordei uma situação delicada para mim, e hoje decido partilha-la pois esta é importante para mim por fazer parte de quem sou, do meu trabalho como terapeuta e da missão que sinto que é a minha vida, assuntos do coração e exposição, sendo o mais transparente possível, a cada momento que me for possível assim como admitir e aceitar quem sou e como sou hoje e quem sabe no meu processo, ajudar também os outros no caminho dessa liberdade.

A minha história começa quando me apaixonei por alguém que não estava disponível, no entanto foi impossível evitar que acontecesse. Foi um momento muito marcante na minha vida pois não me apaixono facilmente e por ela, foi quase espontâneo, tão espontâneo e forte que achei que seria para sempre, se não pelo menos algo bastante sério com um princípio, meio e fim na medida que achava correta, mas rapidamente percebi que nesta situação eu estava longe de qualquer controlo. Foi uma experiência que não contava, desde o primeiro segundo que a vi que eu “derreti". Era uma sensação estranha pois, naquele momento, mesmo que ela não se quisesse envolver eu não me importava, estava aficionada, apenas a queria próxima, da maneira que fosse possível mesmo sem a conhecer embora eu achasse que a conhecia e a sentia, mesmo à distância. Chegou o dia que tudo acabou, e a conexão dela para mim desapareceu ou o que eu achava que existia, senti o meu mundo desabar, afinal talvez nada fosse verdade nem real e eu fiquei perdida com tudo aquilo que sentia por um fantasma. Ainda hoje sou assombrada por esta situação, pois por muito que tenha tentado ainda não tive uma conclusão, há dias que parece até que tudo foi apenas uma ilusão e que eu por sentir tanto quis acreditar que era mútuo.

Conto esta história pois até hoje, e já la vão 4 anos, eu ainda não me apaixonei e sendo muito sincera, é porque não me permito, depois de tudo que passei para me tornar mais eu, tudo que descobri e passei finalmente a me sentir bem comigo e a me ter como prioridade, imaginar perder tudo é assustador, principalmente a ilusão de controlo sobre as minhas escolhas e vida, que não passa de uma ilusão.

Durante este 4 anos tenho aprendido muito sobre mim, sobre as escolhas que fiz, o porquê delas, porque de ter atraído aquela pessoa para mim, sobre a minha indisponibilidade, a necessidade de salvar o outro para sentir que sou e tenho valor, a vontade de salvar para ser salva, de amar para ser amada, de dar para receber, pouco a pouco a confiar mais no que sinto, a seguir o meu instinto e tanto mais que tenho aprendido, mas no campo de relacionamentos amorosos, que tanto desejo mudar, ainda não consigo confiar. A maior lição de todas foi mesmo, e ainda hoje é, ter percebido que nem sempre o que queremos é o melhor para nós e aquilo que hoje parece ser para sempre, amanha pode não ser mais e está tudo bem até porque só conseguimos avaliar as situações com o conhecimento que ganhamos até hoje, e amanha novas lições viram pois estamos em constante mudança e além de que não controlamos os nossos desafios, se controlássemos não seriam as lições que precisamos. Hoje entendo e aceito que precisei de passar por esta situação que me fez perder a fé nos sentimentos, no amor e em mim. Foi graças a esta situação que eu decidi percebi o quão era importante eu me colocar em primeiro lugar, e que antes de tudo, me salvar a mim aprendendo o que amor incondicional é.

Desta forma venho expor-me e aceitar este medo, esta dificuldade que é confiar quer no que sinto quer no que não controlo. Não tenho dúvida que existem lições ainda por aprender, e embora gostasse muito de poder fechar “ontem” esta situação, faço todos os dias o meu melhor para ficar mais próximo de o fechar, porque assim se faz o caminho, caminhando.

A mascará cai e por detrás existe apenas alguém imensamente vulnerável e delicado que tem imenso medo de se magoar, mesmo sabendo que assim é viver, e correndo todos os dias o risco de não viver por medo, mas que faz o seu melhor para a cada dia estar mais entregue a tudo que significa ser e viver, sem ser perfeito mas com a melhor intenção e empatia que consigo.

Um bem haja a ti, que o meu "exemplo" possa ajudar o teu "exemplo".

Gratidão,

🙏🍀❤️


 

*Imagem por ScorpioSeason.com

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